Em 1950 Getúlio
Vargas criou o controle sanitário no país. Mas, demorou muito a lei entrar no
Brasil profundo. No Brasil do interior. Do queijo feito em casa, como o queijo
de Canastra, Minas. Matar o boi e dependurar os quartos à frente do boteco. O
açougue rústico. Os urubus por perto. Cada cliente saia com o pedaço de carne
pendurado num laço de cordão. Ou enfiado no próprio dedo. Demorou muito a lei
pegar. A lei ser entendida pela nossa cultura. Pelo nosso jeito pobre de ser.
Mas, todo mundo sabe
que a comida estragada adoece. Comida estragada mata. Crianças nas escolas não
podem comer alimentos sem qualidade. Nem os idosos e nem ninguém. O Brasil
mudou. O mundo mudou. As exigências comerciais aumentaram. E ninguém é besta de
comprar alimento sem controle sanitário. É preciso pureza, controle de
qualidade, sem contaminação. Alimento bom.
O capitalismo põe
freio no desmantelo. Porque quem tem dinheiro controla o mercado. E pode
exigir. As indústrias foram se aparelhando. Tudo deve ser limpo. Tudo deve ser puro.
Vieram os grandes cartéis de frigoríficos brasileiros. Abusaram demais de todo
mundo. Acabaram com os médios e os pequenos. Nem se fala nos açougues. Nos
matadouros municipais. Foram todos engolidos pelos grandes cartéis. E tudo com
o consentimento e financiamento do Governo através do BNDES e outros bancos.
Coisa de horror.
Os camaradas
compravam frigoríficos tradicionais, só para fecharem as portas, demitirem
gente e controlar o preço do jeito que bem entendessem. O capitalismo é bom e
engrandece quando vem acompanhado de boa regulamentação, de leis fortes,
impostos baixos, abertura comercial com baixos tributos. Todo mundo ganha
quando a coisa acontece assim.
Agora, chegou a hora,
do renascimento dos pequenos frigoríficos, aqui em Rondônia. Chega de aguentar
a supremacia de poucos sobre muitos. Os pequenos são importantes para o
abastecimento interno. E juntando com outros, podem também vender pra
fora do país. É uma oportunidade nova.
Produtor fez sua
parte. O Governo fez sua parte na infraestrutura de estradas e portos. Bem que
precisa melhorar muito. Mas, ao longo do tempo fez muito. Agora, o que os
pequenos e médios frigoríficos devem fazer, é correr contra o tempo. O
controle sanitário da carne é uma exigência mundial. Não dá para sair com a vaca
morta na carroceria da caminhonete, forrada de palha de babaçu e cheio de cisco
e terra. Não dá mais.
Mesmo os
pequenos frigoríficos, agroindústrias, devem se enquadrar na legislação,
que é possível. Os estados e municípios podem legislar concorrentemente,
criando seus serviços de inspeções. Os estabelecimentos que possuem SIF
podem comercializar seus produtos em todo território brasileiro e exportar. Os
que possuem SIE podem vender apenas dentro do Estado, e os que possuem SIM
apenas dentro município. Cada ente cuida de suas regras e exigências.
Há então muita
confusão entre SIE (Sistema de Inspeção Estadual), SIM (municipal) e SIF
(federal). Governo Federal criou o Sistema Unificado de Atenção Agropecuária –
SUASA. Seu principal objetivo é igualar os serviços de defesa agropecuária do
país. Algo semelhante ao SUS.
Dentro do SUASA,
existe o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. O famoso
SISBI que deveremos nos enquadrar nele. Que nada mais é do que o
reconhecimento por parte do Ministério da Agricultura de igualdade entre o SIF,
SIE ou SIM. Trocando em miúdos, é o Ministério da Agricultura dizer: “ O
seu Serviço de Inspeção de Produtos e Subprodutos de Origem Animal é
equivalente em qualidade ao Serviço de Inspeção Federal”. Um grande
reconhecimento. Um prêmio de qualidade. A certeza de que o trabalho é bom.
Rondônia além de
aumentar a sua produção, também diversificou. Queijos, carnes, mel, ovos. A
responsabilidade com a saúde do consumidor é grande. Rondônia tem feito o
seu dever de casa, para melhorar cada vez mais e dar oportunidade a todos os
investidores, tanto que estamos a uma passo da equivalência de nosso serviço de
inspeção com o SISBI.
O que isso quer
dizer?
Que os
estabelecimentos registrados no SIE-RO que cumprirem com as exigências de
controle de qualidade estipuladas pelo Ministério da Agricultura poderão
comercializar seus produtos em todo o Brasil sob a fiscalização da IDARON. Uma
Agência que possui escritório de atendimento em 84 localidades de Rondônia. Que
está perto de quem produz. Que conhece melhor que ninguém o produtor
rondoniense.
Rondônia tem menos de 2
milhões de habitantes e faz parte de um país com mais de 200 milhões. Já somos
o maior produtor de queijo tipo mussarela, o maior produtor de peixe em
cativeiro e o quinto maior exportador de carne bovina. Mas queremos e podemos
mais. Vamos vender mel para o Amazonas, o nosso queijo para o Pará e ovos para
o Acre. Rondônia estará na mesa de todos os brasileiros.