Haddad diz que não dará indulto a Lula se for eleito presidente
Candidato do PT foi entrevistado pelo G1 e pela CBN nesta terça(18). Ele também falou sobre proposta de cobrar mais impostos de bancos que não baixarem juros.
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou pela 1ª vez que não dará indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se for eleito. Lula foi condenado em 2ª instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos e 1 mês de prisão e cumpre pena em Curitiba desde 7 de abril. O PT chegou a registrar o ex-presidente como candidato, mas o nome dele foi barrado pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa. O PT substituiu, então, o nome dele pelo de Haddad em 11 de setembro.
Haddad foi questionado mais de uma vez se daria ou não o indulto. Os jornalistas citaram uma declaração do governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel, que falou no último sábado (15) sobre "a certeza" de que Haddad irá assinar o indulto, no primeiro dia de mandato, se for eleito.
Na primeira vez, Haddad respondeu que Lula está trabalhando para provar que é inocente. “Lula não vai abrir mão da defesa da sua inocência. Ele é o primeiro dizer: ‘Eu não quero favor. Eu quero que os tribunais brasileiros e os fóruns internacionais reconheçam que eu fui vítima de um erro judiciário’.”
Questionado se isso, então,significava que ele não daria o indulto, Haddad afirmou que “isso não está em pauta”. O petista falou que Lula tem sido considerado, desde o primeiro julgamento, como condenado, mas que acredita na absolvição dele. "E se não for?", questionaram os jornalistas, lembrando que há apenas duas hipóteses, ser ou não inocentado.
Haddad: “Eu, como cidadão, vou me manter na campanha pela liberdade do presidente. Porque, eu li o processo, eu considero...”
Milton Jung, jornalista da CBN:“Isso o senhor disse claramente. A pergunta objetiva é o seguinte...”
Haddad: “Não. Não. A resposta é não.”
Jung: “Não ao quê?”
Haddad: “Não ao indulto.”
Haddad foi o nono presidenciável a participar da série de entrevistas do G1 e da CBN com os candidatos. Eles são entrevistados pelos jornalistas Cláudia Croitor e Renato Franzini, do G1, Milton Jung e Débora Freitas, da CBN, e pelo comentarista Gerson Camarotti, do G1 e da CBN.
Fernando Haddad tem 55 anos, foi ministro da Educação no governo Lula entre 2005 e 2012 e foi prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016.
Impostos
Haddad também falou sobre sua proposta para "reequilibrar a carga tributária". Ele defendeu a cobrança de impostos sobre dividendos (parcela de lucros de empresas) e isentar de imposto de renda quem ganha até cinco salários mínimos. "O que nós defendemos é que os ricos, os muito ricos, voltem a pagar impostos como pagavam até 95 sobre dividendos para que a classe média e a classe trabalhadora paguem menos impostos. Então, nós teremos um reequilíbrio da carga tributária, e não um aumento dela."
"Primeiro, o que nós vamos isentar do imposto de renda? Quem ganha até cinco salários mínimos. O que nós vamos cobrar? Os dividendos, que hoje a pessoa física não paga imposto de renda, vai voltar a pagar. Gradativamente, nós vamos aumentar as alíquotas", completou.
Redução de juros bancários
O candidato disse que pretende diminuir a concentração bancária, apoiando cooperativas de credito e fintechs (startups do setor financeiro), e afirmou que, se eleito, vai dar benefícios fiscais para bancos que cobrarem juros menores ao consumidor.
"Aqui é o único lugar em que banco não toma risco, só ganha. Qual país do mundo que cobra 300% de juros no cartão? Ou 120% de juros no cheque especial? Para uma inflação de 4,5%. Vamos taxar os bancos, quanto mais juros cobrarem, mais vão pagar de imposto. Em compensação,quanto menos cobrarem, menos vão pagar de imposto. Queremos nos associar a um projeto de redução das taxas de juros para o tomador. Se não for isso, ninguém vai conseguir pagar suas dívidas, ninguém vai abrir uma empresa, ninguém vai fazer um crediário."
Haddad disse ser contrário à política de preços dos combustíveis adotada nos últimos anos. Para ele, o melhor modelo é o adotado entre 2003 e 2012.
Sem citar a ex-presidente Dilma Rousseff, ele disse ser contrário é política de represamento de preços para controlar a inflação – uma prática que foi adotada pelo governo da petista."A melhor política de preços da Petrobras é a seguinte: você não pode usara empresa para manipular preços para combater inflação, o que quer que seja."
Ele também criticou a política de Temer, de reajustes diários do preço conforme os preços internacionais. Para Haddad, é preciso considerar o poder de monopólio da Petrobras e levar em conta, para estipular os preços, sobretudo os custos internos de produção da empresa, não só o valor em dólar do que ela produz.
"Na minha opinião, foi um equívoco o que o Michel Temer fez de vincular os reajustes à cotação internacional. Nós não devemos fazer isso. Nós devemos, sim, levar em consideração o ambiente externo, mas levar mais em consideração os custos de produção da companhia, que são custos domésticos. E fazer um balizamento de preços como o que durou de 2003 a 2012", afirmou o candidato.
Ausência de Dilma na campanha
Questionado por que a Dilma não aparece na campanha, Haddad disse que "o Lula era o nosso candidato a presidente."
A jornalista Débora Freitas pergunta então por que o programa eleitoral passa direto da época do Lula para a do Temer. "Porque houve um golpe… Ninguém vai poder me acusar de esconder aliado, porque nunca fiz isso. Nunca escondi apoiador, por mais problemático que seja… Isso é prática de político tradicional. Eu faço tudo às claras. Quando vou a Minas, ando com a Dilma para cima e para baixo. Tenho um milhão de fotos e vídeos com a Dilma."
Pinga-fogo
É a favor da adoção de crianças por casais homossexuais?
Sim.
É a favor do imposto sobre grandes fortunas?
Sim.
Vai manter o subsídio ao diesel?
Não dessa forma.
É a favor da prisão após condenação em segunda instância?
Não obrigatória.
É a favor do foro privilegiado para políticos?
Não.
É favorável à cobrança de mensalidade nas universidades públicas?
Não.
Defende a intervenção militar na segurança nos estados, como no Rio?
Intervenção civil.